07 julho 2009

2) Ushuaia / 2010 - Dicas 1

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Resposta e-mail Martinez - Ushuaia - Dez/2008

"Oi BlackDog,

Obrigado por entrar em contacto, é um prazer repartir as experiências ou mesmo trocar idéias sobre viagens.
Agora estou com pouco tempo, mas vou ler seu blog inteirinho mais tarde, daí posso trocar mais idéias.
Mas vou tentar responder sobre as que voce está me perguntando:
Questão 1 - Sobre ferramentas - depende do quanto vocè entende de mecânica. Não adianta levar muito se voce não sabe fazer muito, mas sempre tem alguém que sabe mais que a gente, portanto vale a pena pelo menos o essencial. Eu nem levo o kit original, porque a qualidade é muito baixa, quando precisa acaba não dando certo. O que voce pode fazer é montar um jogo básico: Alicate bom, alicate de bico fino, jogo de chaves fixas (veja quais tamanho de porcas tem nas suas motos, não precisa levar o jogo inteiro. Veja inclusive (esta é a mais importante), as pra tirar as rodas em caso de furo no pneu. Procure levar ferramentas boas e pequenas (pra não pesar). Eu levo um jogo de chaves de boca (só um cabo e várias bocas). Leve fita silver tape (importada, das boas), vários engasga gato (de nailon, pra amarrar), corda (pra puxar uma moto) e fusíveis de reserva. Eu levo também um jogo pra conserto a frio de pneus (o meu é sem camara), mini tubos de co2 comprimido e uma bomba (boa) de encher pneu de bicicleta. (ufa....) Cabe tudo embaixo do banco. Não exagere. Como voce vai em grupo, pode ser dividido o peso. Cada moto tem que ter as ferramentas que sirvam especificamente pra ela, o resto pode ser em comum.
Questão 2- customs no rípio - não tem problema, elas são piores que uma off road, mas rípio não é trilha e sim uma estrada cascalhada, com certeza voces vão andar num ritmo um pouco menor que se fosse uma KTM, mas passa tranquilo. Pense numa velocidade de 60km/h, andando na boa. O pior [e achar que aquela pedraiada vai estragar a moto, portanto, se puderem evitar o rípio, fica uma viagem mais tranquila.
Questão 3 - sim, dá pra ver o que é rípio e o que não é no mapa, mas tem que ser um mapa bom. Os da 4 rodas são uma porcaria. Voce pode comprar um bom na livraria saraiva, p.ex. Eu vou ver em casa a marca do meu e te falo. É excelente e bem detalhado. Tem uns sites também, com mapas e detalhes, mas um mapa impresso é melhor. Vc pode tirar umas cópias pra rabiscar e usar no dia a dia e levar o original pra consultar com mais tranquilidade.
Questão 4 - cuidado com combustível. Qual a autonomia das motos que voces vão? Me passe que dou umas dicas de onde abastecer. Depois vou ver seu roteiro e se quiserem posso dar uns palpites. "

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Relato do Martinez no clubeXT600 - 11/03/2009

Primeiro Ponto: Cambustível não tem problema, desde que voce abasteça sempre que der (50 a 100 km). Num mapa bom, tem todas as currutelas e sempre tem gasolina.
Os preços são altos, pela desvalorização do real. Mas mesmo assim, mais baixos que no Brasil. Tem a comum, a Super e a Fangio, tirando a comum, as outras são muito boas. Não consegui sentir diferenças, as condições variavam muito.
Só tive problema com Petrobrás batizada. Prefira os YPF. Outro ponto, quanto mais pra baixo, mais subsidiada e barata.

Segundo Ponto: Muitos lugares tem pousadas bem caras, mas os campings são muitos e muito baratos.

Terceiro Ponto: Vc já deve estar acostumado, mas fui com um monte de cartão de crédito e só consegui sacar de um, e crédito. Não consegui sacar da conta ou débito. Cheguei a assustar de ficar sem grana.

Eu tava usando 3 luvas e punha a mão no motor pra esquentar (não era perto do motor, era encostando...)

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Conversa com Flávio Faria - Ushuaia em dez/2008

Caro Claiton,
essa viagem é um desafio para todos q resolvem empreendê-la. Você está começando pelo alto, não tenha dúvida. Depois dessa viagem, qualquer outra vai parecer "mamão-com-açúcar". Encontramos com muitos motociclistas da Europa e quase todos afirmaram q estavam ali nem tanto pelo cenário, mas para superarem um desafio q não encontram em outros lugares. Não se vê gente com pouca experiência por lá e nem motos de baixa cilindrada. A XT660, no nosso caso, pode ser considerada uma moto pequena.

Diversos estrangeiros me perguntaram se eu "ia voltar" naquela moto. Achei curioso isso, porque me parecia óbvio voltar nela, já q tinha chegado até lá. Bom, o fato é q as XTs não aguentaram a luta contra o vento. Uma fundiu o motor (bateu biela) e as outras duas tiveram a relação complemente detonada. A minha teve desgaste maior na coroa. Se tivesse levado uma relação extra teria sido uma viagem sem nenhum problema. Lembro q as circunstâncias da nossa viagem foram atípicas, porque viajamos com garupa e mais de 50 kg de bagagem (cada). Detonamos o upload das motos, sem a menor dúvida. Ficamos meio tranquilos, por lemos relatos diversos de pessoas com fizeram essa viagem de Biz 100, CG 125, Fazer 250 e todos foram "e voltaram", vivenciando problemas e prazeres diferentes.

Acho q você pode fazer uma excelente viagem na XT600. Aconselho, contudo, a sair de casa com uma relação nova e levar uma extra na bagagem. Se viajar sem garupa, melhor. Em condições de vento contrário (sempre), a impressão é q estamos rebocando alguma coisa muito pesada. Dominar a moto com garupa é muito complicado para quem não está habituado, particularmente quando temos q pilotar "inclinados" para a direita por milhares de km.

Porém, não desanime! Todos esses desafios são pequenos diante da grandiosidade da experiência e da beleza dos cenários. Uma coisa de louco! As imagens ficarão grudadas para sempre nas suas lembranças.

Se eu tivesse q viajar novamente para Ushuaia, não passaria por Bariloche. Embora seja um lugar belíssimo (região dos Lagos Andinos) é um cenário "menor" se comparado com as belezas lá de baixo. Mesmo considerando q todos os locais são extremamente maravilhosos, imperdível mesmo são as Torres del Paine (Puerto Natales, Chile), El Calafate (Glaciar Perito Moreno) e a Penílsula Valdez (Puerto Madryn). Todos os lugares valem a pena, mas penso q, uma vez traçado o roteiro, devemos nos concentrar em realizá-lo. Eu tenho me dado muito mal com improvisações. Prefiro sempre um trajeto mal planejado do que não ter nada em mãos.

Acho aconselhável fazer essa viagem com calma, com as quilometragens diárias dosadas com inteligência. Seria bom escolher alguns lugares estratégicos para pousar algo em torno de 2/3 dias seguidos, para evitar aquele desgaste excessivo no corpo.

Não se preocupe com sua falta de experiência. Seu bom-senso valerá muito mais do q ela. Pilote sempre com prudência, evitando os centros urbanos e as rodovias mais movimentadas. Onde for possível, contrate um passeio de van para os conhecer os locais mais distantes (fizemos isso na Península Valdez e Torres del Paine).

Bom, já falei demais e acho q acrescentei muito pouco. Estou aqui para te ajudar no q for necessário. Quando for montar seu roteiro me consulte. Penso q posso contribuir muito com os principais locais a serem visitados. Um grande abraço.

Um comentário:

  1. Olá Claiton, fiz essa viagem em moto solo e 1998 eu e minha mulher, a moto era uma XT600e ano 94, foi muito boa essa viagem, não precisa te preocupar muito para sair de viagem, uma vez que hoje podemos contar com GPS e www, o melhor mapa da argentina voce encontra no site da YPF , tem inclusive um roteirizador muito valido, voce deve estar preparado para extremos de temperatura, naquela vez peguei neve perto de Ushuaia (em fevereiro) e quase morri de calor no norte da Argentina..
    - o mais importante ao meu ver é respeitar os limites, seus e da moto e claro observar bem o clima;
    - tenho visto muitos relatos de quebra de motos principalmente da XT660, por uma razão ao meu ver óbvia é a moto mais usada para esse tipo de viagem e muitos viajantes exigem demais do conjunto e passam por experiências negativas de quebras etc;
    - Vale consultar o manual do proprietario e observar qual a carga maxima, somatoria de piloto , garupa e equipamento, a mesma deve ser respeitada
    - faça uma completa (rolamentos,cabos, etc.)
    - durante a viagem mantenha a corrente sempre lubrificada e com aperto adequado para a carga;
    - lembre-se voce está numa viagem que se faz poucas vezes na vida, portanto "curta o caminho", muitos tem relatos de quebra pois confundem uma viagem dessas com Rally, o teu objetivo é ir e voltar feliz, então nao de sorte para o azar;
    - o vento do sul da patagonia deve ser respeitado, nao se deve exigir desempenho e sim voce deve ir devagar e aos poucos voce vai se acostumando e no fim voce estará curtindo a situação

    boa sorte!

    William
    Brusque -SC

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